Pesquisa em Risco Psicossocial – Eletrotécnicos Ceará 2018/2019
PESQUISA SOBRE A PERCEPÇÃO DOS RISCOS PSICOSSOCIAIS NO TRABALHO
Realizado por Lúcia Simões Sebben (RS) e Martonio Sales da Silva (CE)
A pesquisa foi realizada numa clínica de medicina ocupacional em Sobral, no interior do Ceará. Trata-se de uma clínica privada que presta serviços para empresas terceirizadas em diversos setores e serviços, dos quais se destacam: indústria, comércio, metal mecânica, eletricistas e afins.
A clínica é formada por uma equipe multidisciplinar composta de médicos do trabalho (2), enfermeira (2), psicólogo (1), fonoaudiólogas (4), técnicas de enfermagem (4), técnica radiológica (1) e profissionais da limpeza (1) e serviços gerais (1).
Sobral é uma cidade que constituí um polo regional da região norte do estado do Ceará, distante 220km de Fortaleza. Possui muitas empresas de estrutura familiar, mas existem também empresas de médio e grande porte. Conta com duas indústrias e considerada presença da população universitária, tanto pública quanto privada.
Há uma diversidade de empresas e atividades, como também uma diversidade de culturas de segurança, compreendendo desde empresas que apenas realizam os exames ocupacionais para atender a legislação vigente até empresas que trabalham com a promoção de saúde desenvolvendo projetos de saúde do trabalhador no ambiente de trabalho de forma contínua.
PERFIL DO PÚBLICO TOTAL PESQUISADO (47 profissionais):
Cargos:
11 Serviços gerais
7 Motorista
17 Eletrotécnico
3 chefes
2 supervisores de linha viva
3 Mecânico de manutenção
4 outros
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto: 2
Ensino Fundamental Completo: 5
Ensino Médio Incompleto: 1
Ensino Médio Completo: 36
Superior Incompleto: 0
Superior Completo: 3
Situações de emergência:
Sim: 10
Não: 37
Tempo de Empresa:
De 0 a 2 anos: 22
De 2 a 5 anos:10
De 5 a 10 anos: 9
+ de 10 anos: 6
Idade
De 20 a 30 anos: 17
De 30 a 40 anos: 21
De 40 a 50 anos: 5
+ de 50 anos: 4
Fez avaliação psicossocial: 31
Resultado Apto: 22
Não sabe o resultado: 9
Não fez avaliação psicossocial: 16
PERFIL DO PÚBLICO NÃO ACIDENTADO (38 profissionais)
O Perfil deste público revela pessoas em sua maioria adultos jovens (até 40 anos de idade), trabalham com eletricidade, possuem ensino médio completo e já estão na empresa há mais de 2 anos.
Dados Objetivos Levantados:
- Cerca de 55% afirmam saber o que é risco psicossocial, e cerca de 44% não sabem.
- Cerca de 82% acreditam que os problemas pessoais podem influenciar na segurança no trabalho.
- Considera ser o principal causador de acidentes de trabalho: 85% falta de atenção e excesso de autoconfiança, 53% falha humana ou não usar EPIs, 23% estresse pela sobrecarga de trabalho, 19% falha nos equipamentos, e 4% outros.
Conclusões:
A partir das respostas acima podemos compreender que a maioria dos respondentes (55%) acreditam saber o que significa risco psicossocial. E estes são percebidos pelo público pesquisado, como sendo o principal fator causador de acidentes de trabalho.
Do mesmo modo, “problemas pessoais” são vividos pelos mesmos, como um elemento que influencia na segurança do trabalhador (82%), no entanto ainda refletem um tabu a ser superado, visto que ainda representa um assunto a ser evitado no ambiente de trabalho.
Dentre os fatores causadores de acidente de trabalho, os riscos psicossociais são referidos em quase todas as respostas, sendo falta de atenção e excesso de autoconfiança os mais destacados (85%).
PERFIL DO PÚBLICO ACIDENTADO (9 profissionais)
Cargos:
1 Motorista
6 Eletrotécnico
1 Ajudante
1 Mecânico de manutenção
Escolaridade:
Ensino Fundamental Completo: 1
Ensino Médio Completo: 8
Idade:
De 20 a 30 anos: 1
De 30 a 40 anos: 6
Mais de 40: 2
O Perfil deste público revela pessoas em sua maioria adultos jovens (até 40 anos de idade), trabalham com eletricidade, possuem ensino médio completo e já estão na empresa há mais de 2 anos.
Dados Objetivos Levantados
- Mais da metade refere não saber o que é Risco Psicossocial
- Cerca de 88% acreditam que os problemas pessoais podem influenciar na segurança no trabalho.
- As causas de acidente apontadas foram: 22% falha no equipamento, 11% falta de treinamento, 11% falta de EPI, 11% falta de informação sobre o procedimento e 44% foram outros motivos, não especificados.
- Consideram que outros fatores podem ter contribuído para os acidentes: 33% falta de atenção ou excesso de autoconfiança, 22% estresse pela sobrecarga de trabalho, 11% preocupações com problemas pessoais, 11% dificuldades nos relacionamentos entre a equipe, 44% outros.
- Consideram ser falha humana: 50% não cumprir com as normas de segurança, 22% não usar EPIs, 11% estresse físico e psicológico, 50% excesso de autoconfiança, 11% outros.
- Cerca de 88% buscam ajuda quando se sentem cansados ou muito preocupados com alguma coisa, pensando em sua segurança.
- Para evitar o acidente vivido poderiam ter feito: 33% cumprido as normas, 22% ter usado os EPIs, 22% ter pedido ajuda, 11% ter se recusado a fazer um trabalho arriscado, sem condições suficientes e 33% acreditam que poderiam ter tido mais atenção.
- Todos conhecem a lei do direito de recusa.
- Cera de 60% costumam praticá-la e cerca de 40% não praticaram porque não sentiram necessidade.
- Todos consideram serem eles mesmo o primeiro responsável por sua segurança.
- Cerca de 88% sentem a empresa preocupada com sua segurança. Esta percepção se dá por conta das palestras, instruções sobre segurança, treinamentos, disponibilização de EPIs que transmite a mensagem que as pessoas e sua segurança vêm em primeiro lugar.
Conclusões:
Neste perfil de pesquisados que já se acidentaram percebemos que a maioria não sabe o que significa risco psicossocial, contudo entendem que os problemas pessoais podem interferir em sua segurança (88%).
Os fatores causadores de acidente que destacam como os mais importantes estão dentro dos riscos psicossociais: não uso de EPIs, estresse pela sobrecarga, problemas pessoais, dificuldades de relacionamento entre a equipe de trabalho e falta de atenção (55%).
Entendem que falha humana significa não cumprir as normas (50%), não usar EPI (22%), estresse físico ou psicológico (11%) e excesso de autoconfiança (50%). Afirmam pedir ajuda quando sentem necessidade por estar cansado ou preocupado com algum problema (88%). Todos (100%) dizem conhecer seu direito de recusa, mas apenas alguns (60%) já recorreram a este. Os demais (40%) afirma ainda não terem sentido necessidade.
Este público de acidentado acredita que poderia ter evitado o acidente caso tivesse seguido as normas (33%), se tivesse usado os EPIs adequados (22%), se tivesse pedido ajuda (22%), se tivesse se valido de seu direito de recusa (11%), se tivesse tido mais atenção (33%).
Todos afirmam sentir a empresa preocupada e comprometida com sua segurança, e isso é reconhecido em razão das iniciativas em levar treinamentos, palestras e EPIs adequados. Todos também, reconhecem em si mesmo o principal responsável por sua segurança.
Portanto, embora os conceitos de risco psicossociais não sejam claramente conhecidos e compreendidos, o público de acidentados revela que estes, desempenham papel importante nas causas de acidentes apontando fatores psicossociais vividos no trabalho e em suas vidas pessoais como determinantes e os principais causadores de acidente no trabalho.
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