Saúde Mental E Prevenção Dos Riscos Psicossociais Passa A Ser Exigida Das Empresas A Partir Da Atualização Da Nr 01

Saúde Mental E Prevenção Dos Riscos Psicossociais Passa A Ser Exigida Das Empresas A Partir Da Atualização Da Nr 01

O governo federal, representantes de empresas e trabalhadores decidiram incluir a proteção psicossocial dos funcionários como critério no gerenciamento de riscos ocupacionais. Vale esclarecer que prevenir risco psicossocial passa por um controle mais adequada das pressões no trabalho, da sobrecarga, das exigências, horas extras, além de evitar relacionamentos tóxicos, lideranças abusivas e também o assédio, seja este moral ou sexual. O caminho da saúde mental envolve ações que previnam este tipo de sofrimento que, além de absenteísmo e afastamentos, provoca acidentes de trabalho.

Assim, a Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1) será atualizada para incluir a saúde mental e o combate ao assédio no ambiente de trabalho tendo em vista o aumento progressivo dos índices de ocorrência, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho). A mudança foi aprovada durante uma reunião da Comissão Tripartite Paritária Permanente e entrará em vigor em cerca de um ano.

Empresas deverão identificar parâmetros psicossociais em relatórios de gerenciamento de riscos para evitar tudo que possa estar impactando na saúde mental do trabalhador, e promover um ambiente de trabalho saudável. Além disso, o governo intensificará ações de fiscalização para combater o trabalho em condições análogas à escravidão.

Mas vamos fazer um ensaio e visualizar tudo isso na prática. Alguns passou deverão ser planejados para que se possa chegar nesta implementação e assim, obter ganhos com a promoção da saúde e da segurança, reduzindo os danos que incidem sobre as pessoas e a empresa.

  1. Avaliar sua cultura, de modo a observar sobre o quanto esta reflete valores voltados ao cuidado com a vida. Se isso não for um valor refletido nas decisões e no perfil dos líderes, o trabalho será ainda mais árduo.
  2. Revisar as políticas de gestão pessoas percebendo o quanto estas atendem as necessidades humanas, e nisso se inclui as descrições dos cargos, em especial aqueles que implicam em riscos ocupacionais.
  3. Identificar a formação da equipe de saúde ocupacional verificando a área de expertise de seus membros. Quando se pretende abordar riscos psicossociais, se faz necessário o profissional psicólogo que tem por expertise a saúde mental através da ciência do comportamento humano. A atuação de uma equipe multidisciplinar representa a clareza de que, cada área de atuação tem sua contribuição especifica contemplando então todas as dimensões humanas.
  4. Capacitar a equipe que for constituída, seja ela formada de psicólogo, médico, fisioterapeuta, ergonomista, enfermeiro, assistente social e que mais for entendido como necessário. O tema Gestão de Riscos Psicossociais ainda não é bem claro para muitos, e por isso, buscar conhecimentos e capacitação é fundamental para que não haja equívocos.
  5. Pesquisar os riscos psicossociais existente constitui a primeira ação propriamente dita para a identificação de quais fatores podem estar acarretando em sofrimento e conduzindo ao adoecimento ou ao acidente.

Lidar com o novo, com temas subjetivos e desconhecidos ou ainda, abordar temas delicados dos quais não se tem controle, requer coragem para romper com paradigmas e enfrentamento para derrubar resistências que certamente surgirão neste caminho – por parte da empresa e das pessoas.

Das empresas por que muitos anda acreditam que não devem se envolver com saúde mental. Acham perigoso e não querem se comprometer com aquilo que acreditam não ser de sua alçado. Relutam em absorver mais custos, mas esquecem que afastamentos, absenteísmo e acidentes possuem um custo infinitamente maior e duradouro.

Das pessoas por que não querem se expor através de pesquisas e avaliações, ou falar sobre temas que sempre foi tabu no trabalho – suas emoções e vulnerabilidade. Deixar revelar seus medos, anseios, mostrar suas limitações e dificuldades pode ser muito intimidador e constrangedor devido aos mitos e preconceitos que até hoje podem ser percebidos sobre saúde mental.

Ainda sobre as pessoas, podemos já apontar para as resistências dentro das equipes de segurança e saúde ocupacional que podem não se sentir identificada com a ideia de lidar com aspectos subjetivos do funcionamento humano. E neste momento volto a apontar para a importância de uma equipe diversa em formação, onde cada profissional olhe para sua área de especialização, e assim, todos juntos, consigam construir melhores de condições de sustentabilidade humana na organização.

O aprendizado e a mudança começam pela atitude simples em reconhecer que não sei algo, ou ainda em reconhecer que este trabalho não é para mim. A humildade é uma competência socioemocional necessária a um trabalho multidisciplinar, o que significa reconhecer que precisamos uns dos outros e que todo saber teu seu limite. Como psicóloga, não posso deixar de destacar a necessidade de cada membro de um time de saúde ocupacional seja capaz de reconhecer onde seu trabalho começa e onde termina, em que momento eu me retiro e cedo lugar a outro profissional. Desta forma, as forças se somam, os conhecimentos se agregam e as diferenças enriquecem os resultados que todos queremos – a preservação e o respeito pela vida humana.

Lúcia Sebben

Desenvolvimento Humano e Organizacional Consultoria em RH