Coaching em Carreira | Lúcia Simões Sebben

Coaching em Carreira | Lúcia Simões Sebben

Convida a reflexão a cerca de alguns aspectos pertinentes a gestão de carreira facilitando o processo de decisões e sensibilizando para a definição das necessidades de desenvolvimento.

“Eu dormia e sonhava que a vida era alegria. Despertei e vi que a vida era serviço. Servi e aprendi que o serviço era alegria”.  Rabindranath Tagore

Introdução As empresas vêm se ocupando de seu foco de negócio e não mais utilizam seu tempo para dar atenção à carreira de seus colaboradores. A velha postura paternalista que se apropriava das carreiras e assumia o papel de “desenvolvedor”, hoje devolve ao profissional a função de cuidar de sua carreira. Passa-se a falar então do autogerenciamento de carreira, onde cada um trata de identificar seus objetivos e os meios para alcançálos. Assim, a maneira como encaramos nossa carreira irá definir nossa empregabilidade. Nestas condições ocorrem as demissões em massa e o aumento da competitividade no mercado de trabalho, formando assim um panorama de grande ansiedade e apreensão entre aqueles que buscam um lugar ao sol. Surge então um novo conceito de emprego, em que a garantia de carteira assinada e a estabilidade conquistada pela lealdade e dedicação, dá lugar a necessidade de mudança permanente e de abertura ao aprendizado.

Cabe ressaltar que o mercado de trabalho também era outro: mais emprego, carreiras mais estáveis, menos exigências em relação à formação profissional. Observa-se então o novo perfil profissional.

Se nos preocupamos com nossa carreira e futuro profissional, estamos na verdade pensando em nossa empregabilidade. Pensamos: será que estou no caminho certo? Vou conseguir um novo emprego? Vou conseguir manter este emprego? Estou preparado para o futuro e para competir no mercado de trabalho? Contudo, não pensamos se estamos investindo em nossa qualificação, se estamos desenvolvendo as competências e habilidades necessárias e não aprofundamos nosso autoconhecimento para além de nossa zona de conforto.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS CARREIRA: “Carreira é o autoconhecimento de como as experiências pessoais e profissionais relacionam-se com seu trabalho atual e futuro para maximizar suas habilidades e comportamentos e atingir seus objetivos de vida” (Jim de Vito, Diretor de Desenvolvimento Gerencial da Johnson e Johnson Internacional) EMPREGABILIDADE: O termo empregabilidade é tão novo que ainda não consta em dicionários. Nos EUA o termo employability significa a condição de dar emprego ao que se sabe, a habilidade de ter emprego. Assim, entende-se que: Empregabilidade significa o conjunto de competências e habilidades necessárias para alguém conquistar e manter sua colocação dentro de uma empresa. Significa a capacidade de obter e reter um emprego de maneira sempre firme e válida. (Carreira & Competência. Gerenciando seu Maior Capital. (Adalberto Chiavenato)

NETWORKING: Já Networking é um termo que refere a uma rede de relacionamentos pessoais, que deve ser cultiva como um importante capital social. O cultivo de relações pessoais saudáveis e duradouras deve ser constante, onde você possa não só pedir ajuda, mas ajudar aos seus amigos e conhecidos fortalecendo seus laços. COMPETÊNCIA: Podemos definir competência como um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas, em qualquer situação. Neste aspecto, entendemos ser fundamental a atenção as atitudes que praticamos em nosso dia a dia e as habilidades que estamos desenvolvendo pois estas nos conduzirão ou não para o desenvolvimento de competências. MARKETING PESSOAL: E quanto ao Marketing Pessoal entendemos como sendo um conjunto de práticas que nos permite “vender” nossos talentos e habilidades de maneira a nos tornar atrativos para o mercado de trabalho. Segundo Cláudio Nasajon “Vender-se significa passar aos demais uma imagem positiva de si próprio, salientando suas melhores virtudes, apresentando suas idéias com impacto, formando opiniões favoráveis a seu respeito.”

AUTOCONHECIMENTO – O PRIMEIRO PASSO PARA A AUTOGESTÃO A gestão de carreira começa pelo autoconhecimento. Conhecer-se como profissional exige que se faça aquela parada estratégica que geralmente não nos preocupamos em fazer. É preciso coragem, transparência e um forte desejo de buscarmos a mudança. Refletir sobre a carreira implica em identificar e assumir nossos erros, enganos e frustrações, mas acima de tudo reconhecer suas conquistas, aprendizagem e valor.

Métodos para ampliar o autoconhecimento: Avaliação de 360º: trata-se de uma metodologia específica que permite a avaliação de competências específicas através de um método de feedback colhido de superiores, pares e subordinados.

Feedbacks Frequentes: É a busca de simples feedbacks dentro do ambiente de trabalho através de pessoas de confiança, que conheça o avaliado suficientemente e tenha visão crítica adequada.

Mapeamento do Perfil: Esta técnica necessita a ajuda de um profissional especializado que se utilize de instrumentos de investigação do comportamento para aplica-lo e posteriormente dar o feedback. Esta técnica tem a vantagem de trazer experiência a cerca das técnicas usadas nos processos seletivos.

Psicoterapia: Através deste método pode-se ir além da esfera profissional e abordar o indivíduo de forma completa.

Autoanálise: Diz respeito a análise de si mesmo buscando observar as reações dos demais ao nosso comportamento, tomando o outro como referência de ti mesmo.

Em qualquer deste métodos exigirá do profissional grande abertura a ouvir críticas e refletir sobre elas. É necessário ainda ter claro que não existem verdades absolutas, e que apenas através dos outros poderemos ter noção de nossa imagem externa. Este referencial pode dar a idéia dos aspectos que precisam ser desenvolvidos ou aprimorados para melhor adaptar-se e inserir-se no mundo do trabalho.

Ao refletir sobre autoconhecimento e autogestão não podemos deixar de pensar em autoestima, na medida em que esta se mostra a base mestra e ao mesmo tempo a mola propulsora de toda a carreira. A forma como nos sentimos em relação a nós mesmos é o conceito básico de autoestima. É um sentimento que afeta a nossa vida sob todos os aspectos: nossa relação com filhos, cônjuge, no trabalho, no sexo e como obtemos ou não sucesso. Quanto mais felizes e orgulhosos estamos sobre nós mesmos, mas somos impulsionados a acreditar em nossa capacidade de realização, de superação e de êxito. Todas as nossas reações são determinados pelo que pensamos sobre quem pensamos que somos. O julgamento que fazemos de nós mesmos, conduzirá nossas vidas.

Nascemos com uma capacidade infinita de desenvolver autoconfiança e autoestima. Ao longo de nossas vidas e das experiências que vamos acumulando, formamos uma autoimagem que pode nos levar a acreditar o quanto bom somos. Nosso nível de exigência, assim como as expectativas que os outros fazem de nós contribuem fortemente para a consolidação ou destruição de nossa autoestima. Sobretudo as pessoas significativas, pais, professores, amigos, namorados podem nos conduzir a assimilar conceitos e padrões que vão certamente interferir em nossa autoestima. As vezes nos perguntamos se existem alguém com excesso de autoestima (aqueles que julgamos soberbos e arrogantes). Não, realmente não. Autoestima é um sentimento que, se bem desenvolvido, atinge um estado de equilíbrio, não havendo a possibilidade de ser exagerada. O que ocorre com o arrogante é que tenta esconder sentimentos de inferioridade e baixa autoestima por trás de uma imagem supervalorizada.

Algumas vezes bloqueamos o desenvolvimento de nossa autoestima através de sabotadores internos. Isso mesmo! Sabotamos a nós mesmos e impedimos nosso sucesso. Estes sabotadores atuam de forma que muitas vezes não percebemos, mas se o identificarmos poderemos supera-los melhor. Alguns destes sabotadores se mostram quando:

  • Adiamos nossas ações
  • Repetimos nossos erros
  • Distraimo-nos de nossos objetivos
  • Complicamos, colocando objeções para nossas metas
  • Desanimamos, reagindo com pessimismo
  • Duvidamos de nossa capacidade de êxito

Sugestões para desenvolver sua autoestima:

  • Não perca o contato com a criança que você foi e sempre será
  • Desenvolva o bom humor, seja menos autocrítico
  • Dedique algumas horas da semana para fazer o que você realmente gosta e lhe dá prazer Invista em você, em seu desenvolvimento e cultive bons hábitos
  • Evite julgar os outros, pratique o perdão
  • Aceite e valorize seu momento presente. Viva-o intensamente Pratique trabalhos voluntários, seja cidadão
  • Faça amigos, compartilhe seus problemas, confie em alguém
  • Respeite seus limites, conheça-se
  • Cuide de sua saúde com prioridade
  • Expresse suas emoções, cultive o bom humor a alegria de viver
  • Valorize as pequenas coisas da vida, redescubra o prazer de viver

Enfim , autoestima é um a experiência íntima: reside no cerne do nosso ser. É o que eu penso e sinto sobre mim mesmo, e não o que o outro pensa de mim . É a potencialização do nosso ser. Desenvolver autoestima é expandir nossa capacidade de ser feliz! Envolve sabedoria. É um saber viver.

MERCADO DE TRABALHO

Segundo Chiavenato, a configuração do emprego apresenta-se de maneira a focar-se sobretudo no resultado esperado e exigido pela empresa, mas acima de tudo mostrando expectativas voltadas ao desenvolvimento do indivíduo.

DE PARA
Emprego burocrático Parceiro no negócio
Foco na manutenção Foco na mudança e inovação
Ênfase na rotina e no cotidiano Ênfase na inovação e na criatividade
Executor de tarefas rotineiras Tomador de decisões e solucionador de problemas
Trabalho mecânico e repetitivo Trabalho mental e variado
Atividade manual e física Atividade intelectual e cerebral
Obediência cega e conformismo Contestação e crítica
Vontade de fazer Vontade de melhorar continuamente
Apego aos regulamentos internos Ideias novas e sugestões de mudança
Ênfase nos meios e métodos Ênfase nas metas e nos resultados
Trabalho individual e isolado Trabalho em equipe
Trabalho dentro da empresa Trabalho em casa ou em tempo parcial

Valores voltados até então ao tempo de empresa, a dedicação e a lealdade, dão lugar a atitudes empreendedoras que agreguem valor efetivo ao negócio. A relação empresa x profissional passa a ser caracterizada pela parceira, focando na mudança e na inovação constante. O compromisso do indivíduo com sua empresa passa a ser integral, mas acima de tudo gerando compromisso com seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional. A capacidade criativa e a flexibilidade para a mudança constante geram cada vez mais.

Dentro desta realidade, cabe a cada profissional mudar seu foco de análise e entender que acima de tudo é necessário voltar-se ao seu autodesenvolvimento e a construção de atitudes de mudança constante. Sendo flexível e desviando o olhar para si mesmo, cada um encontrará suas necessidades de desenvolvimento.

Percebe-se que alguns conceitos já não se aplicam e que algumas crenças já não possuem efeito. Por exemplo: o que sempre foi entendido como liderança? Aquele que comanda equipes, que tem pulso firme para conduzir as pessoas a obter resultados. Esta primeira constatação, muitas vezes geradora de conflito, dúvida e vacilação gera medo, insegurança e ansiedade. Logo em seguida, ficamos paralisados, nos deprimimos e não sabemos como agir. Este é o momento em que fica claro a necessidade de mudança e definição de rumos. É preciso refletir. É fundamental saber quem somos e o que queremos para nosso futuro.

Através desta reflexão, entenderemos a formação de novos paradigmas que norteiam a gestão de carreira. Devemos assim, entender que paradigmas são estes e como interferem em nosso cotidiano.

Pode-se entender as mensagens colocadas nas entrelinhas pelo mercado de trabalho. Ouvir com atenção, entender intuitivamente e observar fatos concretos pode nos levar e identificar algumas necessidades e expectativas das organizações. Com relação a funções gerenciais percebe-se algumas competências fundamentais:

  • Habilidades pata tomar decisões diante de incertezas (assumir riscos)
  • Capacidade para desenvolver estratégias de produtividade
  • Habilidade para adaptar-se às mudanças ambientais
  • Descobrir nichos de competitividade ou criar diferenciais
  • Visão global do desempenho da empresa
  • Atualização quanto aos avanços tecnológicos
  • Capacidade de reduzir custos e aumentar a eficácia

Devemos estar preparados para competir e lidar com as adversidades do mercado. É importante desde o início planejarmos nossa atuação passo a passo:

  1. Organize sua casa, sua família e você mesmo. Faça tudo aquilo que antes você não tinha tempo.
  2. Identifique os meios de encontrar o emprego: jornais, revistas, networking, entidades de classe, universidades, headhunters, consultorias…
  3. Planeje sua ação, administre seu tempo disponível.
  4. Analise o mercado de trabalho, observe suas exigências e como funciona.
  5. Elabore seu currículo com dedicação e cuidado. Defina um foco. 6. Melhore sua empregabilidade e aprenda a autogerir sua carreira. 7. Expanda seu network e saiba como cuidar dele.

NETWORKING – UMA VERDADEIRA OPERAÇÃO DE MARKETING

 Na prática, buscar um novo emprego representa iniciar uma forte operação de marketing. De um lado você é o vendedor, o produto é seu currículo e de outro lado o mercado é o comprador.

Como em toda estratégia de venda é preciso conhecer bem estas três vértices, a começar pelo produto. Assim, é fundamental que você consiga conhecer-se muito bem, compreendendo todos os pontos a seu favor nesta venda, mas também sem perder de vista as barreiras e os pontos fracos do seu perfil que possam atrapalhar o sucesso final.

Antes de dar início a qualquer ação concreta, planeje-se. Estabeleça metas e prazos. Organize um pequeno escritório, com agenda, telefone, secretária eletrônica, fax, bloco de anotações, computador, jornais e revistas. Avise a família e coloque-os a trabalhar em equipe com você. O ambiente familiar deve manter um clima amistoso e produtivo para facilitar este momento. Mantenha-se informado sobre o que se passa no mercado de mão-de-obra, e em sua profissão também. Registre todas as suas ações em uma planilha favorecendo o gerenciamento do seu networking.

Cabe enfatizar que, a rede relacionamentos construída até este momento é um dos maiores patrimônios de sua carreira. Fazer uso desta rede é uma prática cada vez mais comum entre profissionais ativos e que comportam como atores de sua vida e não como espectador. Alguns preferem contratar um headhunter, pagar fortunas para ficar em casa aguardando o momento mágico da entrevista de emprego. Mas onde fica a gestão de sua carreira, se você não é capaz de buscar as oportunidades por si mesmo? Como você pretende evoluir e desenvolver-se profissionalmente se não consegue superar pequenas dificuldades de timidez, ou de insegurança? Medos e constrangimentos vão falar mais alto? Vão se sobrepor a uma atitude destemida e guerreira? Como você pretende competir no mercado atual se não consegue competir com seus próprios temores?

Estas questões servem para nos fazer entender que nossa carreira é um patrimônio pessoal e intransferível. A nós cabe conduzir, corrigir, evoluir, buscar e definir os rumos que melhor atendem as nossas necessidades de realização. É indelegável o papel de condutor desta caminhada. Ter parceiros e aliados podem fortalecer nossa possibilidade de sucesso e facilitar a obtenção de objetivos, mas estes devem andar apenas lado a lado.

“ FOI ESTABELECIDO CIENTIFICAMENTE QUE A MAMANGAVA NÃO PODE VOAR. SUA CABEÇA É GRANDE DEMAIS E SUAS ASAS PEQUENAS DEMAIS PARA SUSTENTAR O CORPO. SEGUNDO AS LEIS DA AERODINÂMICA, SIMPLESMENTE NÃO PODE VOAR. MAS NINGUÉM DISSO ISSO A MAMANGAVA…..E ASSIM ELA VOA.” (autor desconhecido)

 

Lúcia Sebben

Desenvolvimento Humano e Organizacional Consultoria em RH

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